quinta-feira, 6 de agosto de 2015

2º SONETO À MORTE DE AFONSO BARBOSA DA FRANCA

Alma gentil, esprito generoso,
Que do corpo as prisões desamparaste,
E qual cândida flor em flor cortaste
De teus anos o pâmpano viçoso.

Hoje, que o sólio habitas luminoso,
Hoje, que ao trono eterno te exaltaste,
Lembra-te daquele amigo a quem deixaste
Triste, absorto, confuso, e saudoso.

Tanto tua virtude ao céu subiste,
Que teve o céu cobiça de gozar-te,
Que teve a morte inveja de vencer-te.

Venceste o foro humano em que caíste,
Goza-te o céu não só por premiar-te,
Senão por dar-me a mágoa de perder-te.


MATOS, Gregório de. Seleção de Obras Poéticas.
A Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro <http://www.bibvirt.futuro.usp.br/>
A Escola do Futuro da Universidade de São Paulo 


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