Que do corpo as prisões desamparaste,
E qual cândida flor em flor cortaste
De teus anos o pâmpano viçoso.
Hoje, que o sólio habitas luminoso,
Hoje, que ao trono eterno te exaltaste,
Lembra-te daquele amigo a quem deixaste
Triste, absorto, confuso, e saudoso.
Tanto tua virtude ao céu subiste,
Que teve o céu cobiça de gozar-te,
Que teve a morte inveja de vencer-te.
Venceste o foro humano em que caíste,
Goza-te o céu não só por premiar-te,
Senão por dar-me a mágoa de perder-te.
MATOS, Gregório de. Seleção de Obras Poéticas.
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