domingo, 3 de julho de 2016

RESULTADO - 28ª Noite Nacional da Poesia 2016

1º lugar, A Natureza De Nossos Pequenos Desastres - Éder Rodrigues (Belo Horizonte - MG) - R$ 1.600,00
2º lugar, Sebastopol - Carlos Nathan Souza Soares (São Gonçalo do Piauí - PI) - R$ 1.100,00
3º lugar, Como Metamorfose - Aelio dos Santos Filho (Niterói - RJ) - R$ 800,00
4º lugar, Cumulonimbus Mental - Pedro Rabelo de Araújo Neto (Brusque - SC) - certificado de participação.
5º lugar, A G O R A - Afranio Barbosa de Souza - (São Paulo - SP) - certificado de participação.
6º lugar, ELA - Sidnéia dos Anjos Miato Rocha - (Campo Grande - MS) - certificado de participação.
7º lugar, Fina Estampa - Marcos Antonio Campos - (Natal - RN) - certificado de participação.
8º lugar, ESTE CHAMA-SE MARCELA - João Henrique Assumpção Barão - (Uberlândia – MG) - certificado de participação.
9º lugar, Queda-livre - Clara Letícia Gomes Zanetti - (Campo Grande – MS) - certificado de participação.
10º lugar, Era noite... e eu sonhava - Alfredo Nogueira Ferreira - (Florianópolis – SC) - certificado de participação.


1º LUGAR
 
A Natureza de Nossos Pequenos Desastres
Éder Rodrigues
(Belo Horizonte – MG)
 
Cada cicatriz
nasce de um sopro
que se lança no impossível
das correntezas do vento.
 
A arte de empinar pipas
mora nos olhos do menino
que vê o céu como
continuidade do seu quintal.
 
Até que o cerol das coisas
passa a ferir a doce distância
que impedia a odisseia do Menino
em ter que brincar de ser Homem.
 
[Não é só um fio que se desprende]
 
Todo poeta morre um pouco
quando as medidas do possível
lhe roubam os jeitos de voar.

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2º LUGAR
 
Sebastopol
Carlos Nathan Souza Soares
(São Gonçalo do Piauí – PI)

sabe, leon, tua roça de fogo não é
uma farsa da imaginação. o direito
de estar vivo é fome que a planta
não alcança.
 
estamos fartos de saber que
dura e efêmera é esta gleba
de tua mão idosa. e que não
saberás nunca se o que dizes
é tão frio quanto as folhas
de teu país.
 
sabe, leon, tua pátria
glacial tem ruas de pedra,
mas ainda posso ouvir a
música de paz ao fim
da marcha.
não há glória, leon.
há somente o tempo
que não se conta
 
e sementes jogadas
no calor da guerra.

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3º LUGAR
 
Como Metamorfose
Aelio dos Santos Filho
(Niterói – RJ)

Amorfos, calados, indiferentes,
Os versos jaziam no limbo poético do meu peito
Sem que pudessem saber da vida.
Lá estavam eles, hibernados,
Congelados na praça principal do meu coração.
Viviam a purificação
E morriam a cada segundo,
Em frases perdidas, em palavras soltas, em letras desgarradas,
Que se transformavam pouco a pouco em pó.
Lá estavam eles, estacionados,
Em estado de catalepsia literária
Quando Vênus entrou em meu coração
Com aquela alma que só as Deusas possuem
Empurrando tudo
Derrubando tudo
Libertando cada letra, cada palavra, cada frase.
Transformando-as em estrelas,
Em luzes, em versos.
Em poemas para o mundo, para a vida.
Como larva, crisálida, que ganha asas de borboleta,
Em metamorfose.

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4º LUGAR
 
Cumulonimbus Mental
Pedro Rabelo de Araújo Neto
(Brusque – SC)

Mãe põe o vaso na chuva
uma pedra na porta
um desejo no medo!
 
Correndo contra o tempo,
alento,
Vou tirar a roupa do varal.
Fechar com força as ilusões do peito
sentar ao lado do vento
e atento
escutar o cantar dos trovões.
 
- Filho vem guardar os garfos, as facas!
- Guardar as mágoas
- Tampar os espelhos
- Os ouvidos
- Ligeiro!
Para não explodir de tanto pensar.
 
- Mas mãe!
Quero ver as cicatrizes dos raios,
me arrumar pra batalha das nuvens,
e não passar fome de pensamento
porque aqui não tem garfo de plástico
nem drásticos finais de tempestade!
 
Meu filho,
escute bem o que te digo
porque já disse
e não direi de novo:
- Corre tirar a tv da tomada
e vê se desliga
essa tua mente aloprada.


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5º LUGAR
 
A G O R A
Afranio Barbosa de Souza
São Paulo - Capital

Agora que os primeiros cabelos
Começaram a embranquecer
E os filhos não tornam mais
Para em seus braços adormecerem...
Agora que os velhos sonhos
Querem tornar pesadelos
E seus olhos tristonhos
Se fecham para não ver...
Agora que você acredita
Que sua missão é completa
E não há razão pra viver...
Eu quero ser seu poeta!
Eu quero estar ao seu lado!
 
Porque enquanto cuidava dos filhos
E eu ficava afastado
Sem tempo pra ser atendido,
Eu sempre tive a esperança
Que meu amor de marido
Um dia seria uma criança...
 
E então faria sentido.
Por que quando chegasse esse dia
Na rede de nossa varanda,
Sentindo seu cheiro de lavanda
Em seus braços eu adormeceria.

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6º LUGAR
 
Ela
Sidnéia dos Anjos Miato Rocha
(Campo Grande – MS)

Ela não pode vestir-se
Sem ser difamada
Ela não pode estar sozinha
Sem ser atacada
Ela não é sua Amélia
Ela não é uma bonequinha
Ela não pertence ao amor
Ela não é um animal
a ser domesticado.
 
Ela pede a separação
ele tira-lhe a vida
Ela quer gritar por liberdade
ele quer sufocá-la
Ela quer trabalhar
ele quer acorrentá-la
Ela deseja o mundo
ele a quer em uma redoma.
 
Ela se dedicará ao trabalho,
esquecerá dos romances
Ela irá ferir a sua virilidade
Ela escolherá o casamento,
o divórcio, sem receios
Ela terá leis, uma pátria
que a ampare
ele terá suas raízes
sexistas dilaceradas.

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7º LUGAR
 
Fina Estampa
Marcos Antonio Campos
(Natal – RN)

A magra por natureza
Desfilando o esqueleto
É um balançar de beleza
Como a poesia do soneto
 
A elegante flor esquálida
Templo de coluna Jônica
Como um lírio de tez pálida
É a deusa de minha crônica
 
O movimento em silhueta
De teu belo corpo anoréxico
Nos meus gametas projeta
 
Procurar teus olhos fundos
Serei então poeta aléxico?
Iguaria de um amor profundo.

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8º LUGAR
 
ESTE CHAMA-SE MARCELA,
na urgência de um nome
que começasse vasto
e terminasse aprisionado.
João Henrique Assumpção Barão
(Uberlândia – MG)

Entrou
Sal nos meus olhos
Ou caíram lágrimas no oceano?
Malvadas
Mágoas,
Afoguei-me nelas
Já que costelas
São como grades de celas,
Pra que o mar me adentre
E escorregue.
E nade quando quiser
E nada se não couber
E saia.
 
Partir vale a pena só pelo reencontro.

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9º LUGAR
 
Queda-livre
Clara Letícia Gomes Zanetti
(Campo Grande – MS) 

Deixe-me ser cachoeira
E fazer parte de ti, dos teus cachos...
Sei que me jogo sem pensar,
Mas o que custa navegar em mim?
Ei, cuidado pra não se perder,
Se afogar, em minhas entrelinhas.
Sou calmaria, mas (às vezes)
Viro correnteza.
Posso morar em seus olhos,
Se permitir.
Não tenho mais medo de sua tristeza.
Só não insista que eu seja lágrima salgada,
Quero desaguar em ti,
Mas profundezas não se contentam
Com quem apenas molha os pés.

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10º LUGAR
 
Era noite... e eu sonhava
Alfredo Nogueira Ferreira
(Florianópolis – SC)

Sonhava... e até creio que sorria...
Um campo grande coberto de flores
diante de mim, soberbo, se abria.
Um verdadeiro jardim. Eram cores,
muitas cores. Um sonho colorido
nesse jardim imenso e apetecido.
Eu via homens, mulheres e crianças
alguns velhinhos sentados num banco
e perto, jovens ensaiavam danças
ao som de lindos ritmos musicais.
Gente sorria vestida de branco,
branco que lembra paz, lembra amizade
supremo bem de todos os mortais.
Cobrindo nas alturas a cidade
um céu azul, um sol muito suave
iluminava os rostos e as almas.
O gorjear alegre de um ave
levado pela brisa às ruas calmas
suscita um harpejar de sons etéreos.
Atento a tudo eu sonhava ainda...
(Nefelibata, vivo em céus sidéreos)
e via um homem negro e outro branco
trocando ideias, mãos tocando as mãos,
em cena inusitada, em cena linda.
Era um encontro cordial e franco
Entre dois seres que se sentem irmãos.
Ouvi aplausos. E ainda sorria...
À distância, um palco eu sentado
reverente ao discorrer da poesia.
Era noite, o palco iluminado
estava agora mais perto de mim.
Ouvia o verso sendo ovacionado,
meu estro palpitava em frenesi.
Oh! esse campo grande, esse jardim
por onde caminhei alvoroçado
é toda a inspiração de meu poema
é todo um sentimento devotado
à voz do belo – razão suprema.

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Declamadores
 
"Os três primeiros classificados no concurso de declamação, foram: 1º lugar, Nadja Mitidiero, com a declamação do poema "Cumulonimbus Mental", de autoria de Pedro Rabelo de Araújo Neto; ganhou o troféu MANOEL DE BARROS. 2º lugar, Diego Recena Aydos com a declamação do poema "Agora" de autoria de Afrânio Barbosa de Souza; troféu ELISA LUCINDA.  3º lugar, Philipe Faria com a declamação do poema "Como Metamorfose", de autoria de Aelio dos Santos Filho; troféu UBE-MS

FONTE: UBE-MS

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